Por ser um alimento importante no prato dos brasileiros, o arroz tem relevância nutricional e econômica. Segundo a Embrapa, o cultivo do arroz merece destaque porque é um dos grãos que mais contribui para o crescimento da economia do Brasil, com produção abundante e geração de empregos.
Mas quem trabalha com esse cultivo tem se deparado com obstáculos, como as pragas nas lavouras de arroz. Para isso, uma forma de tornar mais rentável o plantio é fazer o manejo integrado de pragas, prática que eleva a produtividade.
O Rio Grande do Sul, por exemplo, lidera a produção de arroz no Brasil. Segundo o IBGE, mesmo com a enchente de maio de 2024, o Estado superou as expectativas e deve produzir 7,3 milhões de toneladas até dezembro, o que corresponde a 69,3% da produção nacional. Os principais municípios produtores de arroz em solo gaúcho são Uruguaiana, Itaqui, Santa Vitória do Palmar, Alegrete, Dom Pedrito, São Borja e Arroio Grande. Brasil afora, Santa Catarina e Mato Grosso também puxam essa frente produtiva.
Mas para chegar a resultados, os produtores precisam ter uma série de cuidados desde o campo até o armazenamento do cereal. É sobre esses cuidados que vamos falar hoje.
Importância nutricional do arroz
A demanda por arroz continua garantida. Trata-se de um dos alimentos mais consumidos no mundo (junto com a batata, o leite, o trigo e o milho). Embora o forte esteja nos países asiáticos, onde a domesticação do grão ocorreu há mais tempo, a culinária latino-americana também dá destaque a esse ingrediente.
Países como Colômbia e Peru possuem receitas populares com arroz. No Brasil, a combinação com feijão tornou-se um prato característico da identidade nacional. Não poderia ser diferente: esses vegetais garantiram a subsistência de colonizadores e escravos, na época da dominação portuguesa. É uma herança histórica – e muito nutritiva, também.
Cabe ao arroz, um carboidrato, fornecer energia ao corpo humano. Ele contém amido, que controla a glicemia no sangue e ajuda a prevenir o diabetes. Já as fibras e as vitaminas estão presentes na casca. Por isso, a variedade integral funciona melhor para regular o intestino, garantir saciedade e reduzir a absorção de gordura do corpo.
Falando nisso, os produtos preparados com arroz vêm substituindo farináceos à base de trigo. Como não têm glúten, são a salvação de celíacos e de pessoas que estejam em dietas restritivas.
Manejo integrado de pragas na proteção das lavouras de arroz
O arroz é suscetível a diversos insetos fitófagos, que são aqueles que se nutrem de vegetais. Essas pragas podem trazer dor de cabeça aos produtores, causando prejuízos em qualquer fase do cultivo – seja no plantio, durante a maturação da planta ou mesmo após a estocagem dos grãos já colhidos.
Entre as ameaças, estão os cupins rizófagos, os percevejos, a cigarrinha-das-pastagens, o pulgão de raiz, as brocas, o cascudo-preto e o gorgulho aquático. Todas essas pragas são capazes de reduzir o rendimento da safra, já que causam quebra e inutilizam parte do arrozal.
E também existe outro perigo que pode ser letal para a plantação de arroz: a lagarta do arroz, expressão usada para descrever as larvas de insetos que atacam a planta do arroz, causando danos à produção. Existem várias espécies que podem afetar o arroz, mas uma das mais comuns é a lagarta-do-cartucho do arroz.
Quando as infestações se agravam, atingindo uma área mais extensa da lavoura, há risco econômico para o agricultor. O lucro obtido com a venda do material pode não ser suficiente para cobrir os custos de produção.
Cuidados para o manejo de pragas em arrozais
Toda propriedade rural tem suas particularidades. A intensidade da chuva, o desenho do relevo e as culturas em terras vizinhas variam. Ocorre que esses são, justamente, alguns dos fatores que alteram a qualidade do arroz.
Portanto, as técnicas necessárias para o manejo integrado de pragas devem ser avaliadas caso a caso. Elas envolvem aspectos relativos ao próprio cultivo, bem como ao controle mecânico, físico, biológico e químico das pragas.
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Abaixo, listamos algumas recomendações. Esses e outros dados constam na Circular Técnica 44/2001, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
- Evite plantar arroz a menos de 500 metros de cana-de-açúcar, milho ou gramíneas hospedeiras de pragas;
- Mantenha o solo sem vegetação por um período entre 15 e 20 dias antes do plantio;
- Aplaine o terreno, eliminando depressões do solo, para permitir uma lâmina d’água baixa e uniforme;
- Não plante arroz de forma escalonada na mesma área ou em territórios próximos;
- Remova plantas hospedeiras de pragas, tanto do campo quanto dos arredores;
- Utilize adubação equilibrada, sem excesso de nitrogênio;
- Deixe os quadros inundados o maior tempo possível;
- Não prepare o solo com grade em locais infestados por cupim rizófago;
- Utilize cultivares resistentes, de ciclo curto e com maior volume radicular;
- Colete plantas que contenham alta concentração de ovos para destruir as ninfas das pragas;
- Roce a vegetação infestada ou passe rolo compressor sobre ela;
- Utilize armadilha luminosa para atrair insetos;
- Preserve predadores naturais das pragas;
- Empregue inseticidas de modo preventivo ou curativo.
Principais pragas do arroz
Como já mencionamos, várias são as pragas que podem causar prejuízo à safra de arroz e esse ataque, que começa na lavoura, pode ir até os grãos armazenados. Isso porque além de alimento em abundância, essas pragas têm um ambiente favorável e não encontram tantos predadores. Isso pode reduzir drasticamente o rendimento da safra arrozeira.
Abaixo, veja algumas das principais pragas que atacam lavouras de arroz irrigado:
- Gorgulho aquático ou bicheira do arroz (Oryzophagus oryzae): uma das principais pragas das lavouras brasileiras, pode reduzir a produção em até 30%. Além disso, este inseto ataca principalmente as raízes da planta, causando grandes prejuízos à produção;
- Lagarta da panícula (Pseudaletia sequax e P. adultera): é uma praga desfolhadora e atua fortemente na fase vegetativa, com incidência maior em dias nublados ou durante a noite. Em sua fase adulta, é uma mariposa que possui um ponto escuro no centro das asas anteriores;
- Percevejo do colmo (Tibraca limbativentris): na fase vegetativa, esse pequeno percevejo suga a seiva e inocula uma toxina na planta, causando a morte da parte central do colmo, o que é conhecido como “coração morto”;
- Lagarta-da-folha (Spodoptera frugiperda): essa é uma das principais pragas do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Popularmente conhecida como lagarta-do-cartucho (ou lagarta do arroz) tem grande potencial de dano agrícola, é uma das principais pragas da cultura do milho. Também causa danos severos em diversas culturas, como feijão, soja, algodão e pastagens;
- Percevejo-do-grão (Oebalus poecilus e O. ypsilongriseus): assim como o percevejo-do-colmo, alimenta-se da sucção de seiva e influencia diretamente na qualidade dos grãos. Os percevejos causam danos em diversas culturas, no arroz não é diferente;
- Pulgão-da-raiz (Rhopalosiphum rufiabdominale): são pulgões de coloração cinza escuro que formam grandes colônias nas raízes das plantas. Plantações de arroz, aveia, cevada e trigo são os principais alvos.
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Pragas do arroz armazenado
Como falamos anteriormente, os insetos atacam tanto a planta em desenvolvimento quanto os grãos estocados. Na lista que trouxemos abaixo, destacamos carunchos e traças que comprometem grãos. Além deles, outras pragas usam os grãos armazenados para se alimentar e também completam seu ciclo evolutivo, espalhando-se rapidamente pela massa estocada. Confira abaixo a lista de pragas do arroz armazenado:
- Carunchos (Sitophilus oryzae e Sitophilus zeamais): um grande problema são os carunchos. Medindo menos de 1 cm, eles são identificáveis pela boca em forma de bico alongado. As larvas e os adultos destroem o arroz intacto, causando perdas quantitativas e comprometendo a qualidade do produto final;
- Besouros (Rhyzopertha dominica e Tribolium castaneum): já os besouros atacam grãos defeituosos – que tiveram mau fechamento da casca ou sofreram danos mecânicos na colheita. Os insetos são resistentes, então atingem zonas mais profundas dos silos. A fêmea do Rhyzopertha dominica, também chamado vulgarmente de furador pequeno dos grãos, pode colocar até 500 ovos durante seu ciclo de vida. Esse tempo varia de 30 a 100 dias, a depender das condições do meio. Imagine o tamanho do estrago;
- Traças (Sitrotroga cereallela e Plodia interpunctella): as traças acometem o arroz que ainda está secando. Elas se restringem às camadas superficiais dos grãos, mas possuem alto poder destrutivo. Quando adultas, elas se apresentam em forma de mariposa e não vivem mais de dez dias. Porém, nesse período, podem depositar até 280 ovos no interior das plantas. Então, as lagartas fazem orifícios na casca do grão antes de virarem pupa. Assim, poderão sair por ali quando chegarem à maturidade, o que demora entre 31 e 64 dias.
Controle de pragas no armazenamento de arroz
A presença de insetos na massa estocada de arroz ocasiona diversos prejuízos para a safra. Além da quebra dos grãos, pode haver insetos mortos, ovos e até fezes desses animais no material armazenado. Nem precisamos dizer como isso deprecia o valor comercial da produção, não é mesmo?
Para evitar esse quadro e promover o controle de pragas, o manejo integrado prevê algumas soluções. A primeira é regular o nível de umidade e a temperatura de silos ou armazéns graneleiros e, por isso, recomenda-se o emprego de mecanismos de aeração.
Proteja sua produção de arroz através do expurgo de grãos
A técnica da fumigação é bastante utilizada e eficaz e tem como benefício a preservação de produtos armazenados – aumentando a vida útil, neste caso, dos grãos. É um tratamento de defesa que ajuda a manter padrões ideais sanitários.
A fumigação (ou expurgo dos grãos), precisa ser executada com segurança e qualidade. A fumigação geralmente é feita com produtos químicos em forma de gás para eliminar pragas em áreas fechadas, como silos, armazéns e contêineres, evitando a entrada de insetos nesses espaços fechados. A Embrapa indica a fumigação com fosfina, que pode ser aplicada durante o enchimento do silo, no momento da transilagem ou com sondas.
Limpeza de silos de arroz
A limpeza de silos é um procedimento que deve ser realizado por uma equipe qualificada, para garantir a segurança e a eficácia do local de trabalho e armazenagem. É um procedimento fundamental para proteger a colheita e deve ser feito quando o silo está vazio, incluindo todos os espaços do equipamento, como corredores, passarelas e moegas.
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